O malabarismo é a arte de manipular objetos com destreza. Ou executar um gesto complexo, lidando com situações difíceis e instáveis sem perder o domínio e o controle, usando um ou mais objetos, onde os métodos de manipulação não são misteriosos (como no ilusionismo). É uma das mais típicas artes de circo, apesar de não ser necessariamente relacionada a ele em sua história. A origem do malabarismo é incerta, mas há registros que indicam ser uma arte praticada desde a antiguidade.
Em geral malabaristas, dividem suas técnicas em categorias, agrupando o que realizam em função dos materiais que manejam, sejam estes: massas( clavas), bolas, aros, diabolos, etc…
Você certamente já tentou com laranjas ou bolas de tênis, não conseguiu passar da segunda laranja sem deixar tudo cair no chão, e deixou o exercício para lá. Mas se houver motivação suficiente, como a esperança de uma namorada impressionada ou de um trocado suado no sinal de trânsito, você e os meninos de rua conseguem aprender a manter três bolas no ar durante um bom minuto. Como?
“Graças a mudanças funcionais no cérebro”, seria a resposta tradicional. Uma vez adulto, o cérebro não mudaria mais sua estrutura, embora continuasse capaz de alterar seu funcionamento, enquanto aprende uma nova palavra e seu significado ou como dedilhar um instrumento musical. Um simpático estudo alemão publicado na revista Nature, no entanto, mostra que o cérebro é capaz de fazer ainda mais: sua estrutura muda, sim, com o aprendizado.
Arne May e colaboradores, na Universidade de Regesburg, Alemanha, pediram à metade de um grupo de 24 jovens voluntários que aprendesse a manter três bolinhas no ar durante ao menos um minuto, naquela manobra clássica do malabarismo em que as mãos se alternam para jogar bolinhas para o alto, na frente do rosto. Antes de começar o treino, todos os voluntários — mulheres, na maioria — submeteram-se a uma sessão de ressonância magnética, para registrar em detalhes a estrutura pré-malabarismo de seus cérebros.
Passados três meses, durante os quais as jovens ficaram craques em manter as bolinhas no ar, todos os voluntários, novos malabaristas ou não, passaram por outra sessão de ressonância magnética, em busca de alterações estruturais em áreas do córtex cerebral que pudessem participar do novo talento. Resultado: enquanto o cérebro dos não-malabaristas não mostrava alteração alguma, duas regiões no córtex de todos os novos malabaristas tinham aumentado uns 3% de tamanho.
As duas regiões aumentadas com a prática da manutenção de bolinhas no ar participam do processamento visual: uma é responsável pela visão de movimento dos objetos, a outra pela sua localização espacial. Curiosamente, os pesquisadores não encontraram nenhuma alteração em áreas corticais responsáveis pelos movimentos das mãos. Por que não? “Aprender malabarismo envolve principalmente a percepção de objetos em movimentos e a antecipação de sua nova localização espacial a cada momento”, sugere a equipe, “e um controle motor apenas bom, o que todos os nossos voluntários já tinham.” Portanto, o treino deve levar a alterações em regiões visuais do córtex, e não em regiões motoras.
E se o treino com as três bolinhas faz regiões do córtex expandir, a interrupção do treino faz com que essas regiões… voltem ao normal. Após o exame que constatou a expansão cortical, os pesquisadores pediram aos novos malabaristas que não tocassem mais nas bolinhas: durante outros três meses, eles não deveriam nem praticar, muito menos tentar melhorar seus dotes com uma quarta bolinha.
Findos os três meses sem treino, todos os voluntários passaram novamente pela ressonância magnética para medir o tamanho daquelas áreas que haviam aumentado. Quem não havia aprendido malabarismo continuou com tudo bonitinho, do mesmo tamanho. Os que haviam aprendido mas deixaram de praticar ainda tinham uma ligeira expansão daquelas duas regiões do córtex visual, mas a expansão era mais discreta: pouco mais de 1% em relação ao estado inicial. Ou seja: as áreas visuais que provavelmente participaram do aprendizado estavam voltando às origens.
E as habilidades malabarísticas dos voluntários também. Para seu desapontamento — mas nenhuma surpresa –, eles agora deixavam as bolinhas cair no chão. Sinal de que a expansão do córtex não só é função do aprendizado, como também pode ser a diferença que permite a execução bem-sucedida da tarefa.
Mas além de demonstrar que o cérebro adulto ainda é capaz de mudar sua estrutura, o maior feito da equipe talvez seja confirmar o que neurocientistas de várias especialidades já vêm pregando há tempos: “seu cérebro/neurônios/sinapses: use-os ou perca-os”. A massa adicional de córtex — não se sabe se composta por novas conexões, células gliais ou, quem sabe, até por novos neurônios — adquirida com o aprendizado do malabarismo só se mantém enquanto servir para alguma coisa. Pare de praticar e seu córtex desaprende.
E então só resta começar tudo de novo. Mas com um consolo: em três meses de prática, as regiões necessárias do córtex deverão conseguir expandir de novo, e seus dotes malabarísticos serão recuperados. E aí, que tal ir correndo buscar três laranjas na geladeira e ver se você consegue expandir seu córtex visual?
Fontes: pt.wikipedia.org e www.portal3d.com.br