Composto bloqueia proteína presente nos testículos de cobaias e homens. Efeito sobre a fertilidade foi reversível e não houve alteração hormonal.
De tempos em tempos, cientistas conduzem estudos que os fazem acreditar que a pílula anticoncepcional masculina está cada vez mais perto de se tornar real. Desta vez, pesquisadores de três universidades americanas publicaram na revista “Cell” a descoberta de uma substância que pode virar um comprimido para os homens controlarem a própria fertilidade.
Os testes foram feitos com camundongos machos, que ficaram estéreis, mas não tiveram prejuízos no desempenho sexual, nas taxas de testosterona nem no comportamento.
Além disso, os autores – do Instituto do Câncer Dana-Farber, ligado à Universidade de Harvard, da Universidade de Washington e da Faculdade de Medicina Baylor, no Texas – não observaram efeitos colaterais nos futuros filhotes.
O novo composto, chamado JQ1, é livre de hormônios – ao contrário da pílula feminina, que costuma misturar doses de estrogênio e progesterona. A substância inibe uma proteína presente nos testículos de camundongos e homens, conhecida como BRDT, que é essencial para a fertilidade. Dessa forma, as cobaias começaram a produzir menos espermatozoides e, mesmo quando os fabricavam, eles não se locomoviam direito.
Assim que os animais pararam de fazer esse controle de natalidade, os gametas se recuperaram rapidamente e readquiram a capacidade de procriação, de forma saudável, destaca o principal pesquisador, James Bradner.
A grande dificuldade da ciência em formular um anticoncepcional masculino está justamente no fato de que as drogas precisam entrar na corrente sanguínea, chegar até os testículos e atingir as células produtoras de esperma, o que esse estudo parece prometer.
Os autores dizem que um medicamento como esse é necessário porque quase um terço dos casais americanos depende exclusivamente de métodos contraceptivos masculinos, como a camisinha. E muitas mulheres acabam engravidando de forma não planejada.