Estamos próximos das férias de verão. Para muitos, será o momento de fazer uma boa viagem e curtir a folga. Em alguns casos o transporte usado será o aéreo, é aí que entra nosso assunto: Você já pensou como funciona o ar condicionado dos aviões? O processo de climatização nas aeronaves não é tão simples como o sistema residencial, pois conta com diversas peculiaridades.
Ar que vem do motor
O ar que respiramos dentro de aviões vem do motor. Claro, o ar é tratado, passando por dutos e outras condições. Ele encontra-se há uma pressão altíssima, com temperatura superior a 100ºC, por isso a necessidade de um cuidado especial.
Conforme a Boeing, empresa norte-americana líder mundial na fabricação de aviões comerciais, em suas aeronaves fabricadas nos últimos anos, o ar da cabine é uma mistura de cerca de 50% do ar que vem de fora e 50% filtrado/ar reciclado do motor. “Entre os benefícios deste projeto está uma exposição menor à camada de ozônio e redução do consumo de combustível e às emissões dos motores associados”, diz a companhia. A multinacional norte-americana ainda conclui, dizendo que “o ar ambiente fora do avião em níveis de altitude é muito limpo, frio (abaixo de -37º) e de baixa pressão parcial de oxigênio. Consequentemente, o ar deve ser comprimido a uma densidade que é saudável para os passageiros e tripulantes”.
Hora de refrigerar o ar
Existem dois tipos, mais usados, de sistemas para refrigerar o ar. O “Ciclo de Ar” e o “Ciclo de Vapor a Fluido Refrigerante”.
O Ciclo de Ar parte de uma turbina de expansão (turbina de resfriamento), um ou mais trocadores de calor ar-para-ar e válvulas que controlam o fluxo de ar através do sistema. A turbina de expansão conta com um compressor. O ar sob alta pressão do compressor da cabine é direcionado para a seção da turbina. À medida que o ar passa, ele gira a turbina e o compressor.
Quando o ar comprimido desenvolve o trabalho de girar a turbina, ele sofre uma queda de pressão e de temperatura. É essa queda pode ser reduzida para até 2ºC. O ajuste final é feito com adição de um pouco de ar quente, mantendo a temperatura dentro da aeronave entre 18ºC e 30ºC.
Os sistemas de resfriamento por Ciclo de Vapor a Fluido Refrigerante têm uma capacidade maior que um sistema de Ciclo de Ar, citado anteriormente. Para aeronave é basicamente similar, em princípio, a um refrigerador ou condicionador de ar residencial/comercial. Ele faz uso do fato científico de que um líquido pode ser vaporizado a qualquer temperatura, com a mudança da pressão atuando sobre ele. O sistema é composto por compressor, condensador, reservatório, evaporador, filtro secativo, linhas para o fluído refrigerante circular e dutos de ar para alimentar as unidades.
Fluxo de ar em um Boeing
De acordo com a Boeing, “dentro da cabine o ar flui em padrões circulares e sai por grades localizadas no chão dos dois lados da cabine e, em aviões com circulação suspensa (dutos aéreos), o ar sai pela parte de cima. Então ele vai para a seção inferior da fuselagem, em baixo do piso da cabine. O fluxo de ar é contínuo e usado para manter uma temperatura, pressurização e qualidade geral do ar confortáveis na cabine.”
O sistema também tem seu filtro e o usado pela Boeing é o HEPA. “Os filtros HEPA são muito eficazes para capturar partículas microscópicas, como bactérias e vírus e podem fornecer ar essencialmente livre de partículas no sistema de recirculação”, diz a empresa.
Sistema controlado pela cabine
Painel controlador de ar-condicionadoO controle do ar-condicionado parte dos comandos ordenados pelo piloto, a partir do painel da aeronave. Esse sistema é o responsável por controlar as válvulas e, através delas, regular a temperatura desejada. Ele é composto por sensores, cabos elétricos e acionadores das válvulas que fazem parte do sistema de condicionamento.
Como o ar chega à cabine?
Na parte superior da cabine de passageiros ficam localizados os tubos. É por eles que o ar condicionado é lançado e o recolhimento ocorre na parte de baixo, junto aos pés dos passageiros. O próximo passo é filtrar metade desse ar recolhido, misturar com ar fresco e lançar novamente dentro da cabine o que auxilia na economia de combustível, já que o ar para o sistema de AC é “roubado” dos motores. O mesmo processo ocorre para as demais áreas da aeronave, como banheiros, as cabines do comandando e da tripulação e o local onde ficam as bagagens.
A TAM, por exemplo, passou a desligar os aparelhos da cabine dos passageiros quando o avião está em solo durante as escalas. A Azul, por sua vez, também passou a desligar o ar-condicionado quando o avião está no gate e com a porta aberta para a ventilação.
Conforme Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), “as empresas aéreas estão cortando despesas para o equilíbrio financeiro. As altas do dólar e do valor de combustível, aliado à incidência de impostos, são os principais vilões”.
As empresas procuram formas de economia através do sistema de climatização das aeronaves no momento em que não estão no ar, mas os passageiros continuam usufruindo o conforto do ar-condicionado quando o avião está em rota. Além disso, as indústrias de aeronaves parecem atentas ao meio ambiente, utilizando fluidos ecologicamente corretos nos sistemas de climatização.
Fonte: Web ar condicionado