Site dos EUA mostra o que o ‘Rio quer esconder nas Olimpíadas’

Não pense que a celebração dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro é um tema que gera polêmica apenas no Brasil. Diversos países já manifestaram sua preocupação com respeito à escolha da Cidade Maravilhosa como sede das competições, e o vídeo que você poderá ver logo mais, criado pelo portal norte-americano Vox, é um reflexo do receio internacional.

Mais precisamente, o site conversou com cariocas comuns, pessoas que trabalham ou que pertencem às comunidades mais pobres do Rio e com membros da imprensa internacional que estão fazendo a cobertura dos preparativos do evento, e divulgou um filminho listando uma porção de problemas sérios que as autoridades brasileiras estão enfrentando e que elas não querem que os visitantes estrangeiros vejam. Assista a seguir:

 

Desembarcando na Cidade Maravilhosa

O vídeo começa explicando o que os turistas veem ao deixar o aeroporto internacional e se dirigir para a zona sul da cidade, onde se encontram as praias mais icônicas: um enorme muro que esconde o Complexo da Maré, onde existe o agrupamento de diversas favelas que se espalha por vários quilômetros.

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O pessoal do site entrevistou moradores da Maré, que contaram que as autoridades explicaram que a instalação do muro tinha como objetivo funcionar de barreira acústica para os residentes locais. Entretanto, a verdade é óbvia. A estrutura serve para esconder dos visitantes internacionais a realidade carioca.

Segundo o vídeo, os moradores do Complexo da Maré não têm acesso a sistemas de esgoto, não têm direito à habitação, e muitos não têm nem o que por em suas mesas. Contudo, ironicamente, as autoridades estão preocupadas em proteger seus ouvidos do ruído produzido pelo aumento do tráfego na região por conta da celebração das Olimpíadas.

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Em determinado trecho do trajeto, o muro se torna transparente para mostrar uma escola novinha em folha que foi construída para os jovens da Maré. Esse é apenas um exemplo do que quase sempre acontece quando o Rio de Janeiro é escolhido para sediar algum evento internacional. A cidade se mobiliza para criar a infraestrutura necessária para transmitir a imagem de que ela é maravilhosa e está preparada para receber turistas.

 

Exemplos

O pessoal do Vox citou como exemplos o que aconteceu quando o Rio de Janeiro sediou os Jogos Pan-Americanos em 2007, a Rio+20 em 2012 e a final da Copa do Mundo de 2014, dizendo que o problema é que uma porção de coisas feitas para esses eventos acabam ficando aí e nem sempre a população tira qualquer proveito das obras que foram criadas com uma imensa quantidade de dinheiro público que podia ter sido investido no povo.

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O problema é que a mesma história está se repetindo com os Jogos Olímpicos, mas provavelmente em uma escala ainda maior. Uma das cariocas que conversaram com o pessoal do site e que é usuária do sistema de transporte público do Rio contou que percebeu grandes mudanças nas rotas dos ônibus.

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Ela apontou 11 linhas que ligavam a zona norte (pobre) à sul (turística) e que  simplesmente desapareceram em preparação às Olimpíadas, dificultando o acesso de quem vive em locais mais humildes às áreas mais turísticas. Segundo essa mesma carioca, a intenção de “limpar” a região de pessoas indesejáveis pobres, negros etc, sempre existiu, mas agora existe uma razão para que isso seja feito, assim como um prazo. E a coisa fica ainda pior.

 

Discriminação

Acontece que, assim como ocorre em muitos outros locais do Rio de Janeiro, a Barra também se tornou alvo da ocupação irregular e, ao longo das décadas, inúmeras comunidades foram se estabelecendo na região, das quais muitas inclusive chegaram a ser reconhecidas legalmente. Contudo, por conta dos planos de revitalizar a região, os moradores receberam ordens de despejo e foram informados de que seriam relocados em complexos habitacionais.

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Muitos cariocas saíram de suas casas nos arredores da Barra, mas outros tantos decidiram ficar e lutar por seu direito de permanecer por lá. Uma das comunidades que resolveu bater o pé e ficar foi a Vila Autódromo que não se encontra na área da Arena Rio propriamente dita, mas está em plena vista dos visitantes.

Das 600 famílias que compunham a comunidade, cerca de 20 decidiram ficar para lutar por seus lares e, apesar da resistência, viram quase tudo o que haviam construído ao longo dos anos ser derrubado pelas autoridades. Segundo o vídeo, os fortes confrontos e a pressão da imprensa acabaram levando o prefeito do Rio a ceder e ele garantiu que os moradores poderiam ficar, contanto que eles se mudassem para casas melhores, financiadas pelo governo.

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E a explicação? Conforme apontou Orlando Santos Jr., professor de planejamento urbano da Universidade Federal do Rio de Janeiro que falou com o pessoal do Vox, o que impede a Vila Autódromo de permanecer em uma área adjacente ao Parque Olímpico? Não existe nenhuma razão urbanística que justifique a remoção das pessoas dali. A razão está nos interesses econômicos relacionados à valorização imobiliária da área.

De acordo com o vídeo, segundo fontes governamentais, desde 2009, mais de 77 mil foram relocadas no Rio de Janeiro, e tudo para “abrir” espaço para a instalação da infraestrutura relacionada com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. É claro que essas obras todas também trouxeram muitos benefícios para a população carioca — na forma de novas linhas de ônibus, da revitalização da cidade de um modo geral e da criação de novos museus e parques.

Contudo, essas mesmas obras custaram bilhões de reais que poderiam ter sido investidos em quem mais precisa e não para esconder os mais humildes da vista dos visitantes e nem para beneficiar aqueles que já têm dinheiro de sobra. E você, caro leitor, concorda com o que foi revelado pelo vídeo divulgado pelo Vox? Qual é a sua opinião sobre o Rio de Janeiro ser sede dos Jogos Olímpicos?

Fonte: VOX

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